Receitas do Furacão 2



E aí pessoal? Tudo beleza? Hoje vou encerrar meu depoimento que iniciei no último post com mesmo nome RECEITAS DO FURACÃO, sobre minha experiência de estar na Flórida durante a passagem do Furacão Matthew. 

No outro post eu falei, superficialmente, sobre a preparação para “enfrentar” o furacão e nesse vou falar sobre a passagem dele e suas consequências na nossa viagem, e lógico, também irei ensinar a outra receita que fiz lá, pois como não pude sair de casa por dois dias, aproveitei para cozinhar.

Pessoal, após voltarmos do mercado com nossos “suprimentos”, não tínhamos muito que fazer a não ser jogar uns joguinhos de cartas, conversar e… Ver TV. Imaginem uma rede de televisão falando do mesmo assunto 24 horas? Pois é, a rede de televisão americana FOX News estava quase que o tempo todo, com um repórter ao vivo com uma foto clássica de um furacão (figura 1) com os dizeres em letras garrafais Hurricane (furacão)  Matthew ao fundo do mesmo.

Figura 1 – Informações durante todo o dia.

Todas as aparições eram “ao vivo” e traziam novas informações e imagens dos estragos causados pelo furacão na costa sul da Flórida. Os repórteres, a todo o tempo, conversavam com meteorologistas e especialistas em furacão e, principalmente, mostravam uma infinidade de coletivas de imprensa, sempre ao vivo,  com autoridades locais (e foi o que mais me chamou a atenção).

Fazendo uma comparação com nossa realidade, as autoridades seriam correspondentes ao chefe da defesa civil, chefe do corpo de bombeiros, os chefes dos municípios (lá eles denominam como Condados) e principalmente o governador do Estado, o Sr Richard Lynn Scott, governador da Flórida (figura 2).

Figura 2 -

Figura 2 – Pensem numa carinha que ficou conhecida?!

Esse camarada apareceu na TV ao vivo mais vezes do que cantor sertanejo cantando sucesso novo em programa de auditório; sempre com um discurso sério e às vezes até ameaçador, “This Storm will kill you” (Esta tempestade vai matá-lo).

Ele alertava a população para que se preparassem para o pior, e, o que me causou mais impacto e me fez sentir “extremamente feliz” ao comparar com nossas autoridades aqui no Brasil, foi quando ele disse em rede nacional que já existiam abrigos PRONTOS para receber pessoas que não se sentissem seguros em suas casas. 

O governador ainda completava dizendo: “aqueles que, por receio, optarem por ir para abrigos, teriam seus imóveis recuperados pelo governo no caso de uma destruição motivada pelo furacão.

Vocês conseguem imaginar isso na nossa realidade? Eu sei é Inimaginável!

As informações chegavam a todo instante pela TV e durante o almoço por volta das 13:30h um dos especialistas em furacões convidado pela rede de televisão,  informou de que o Furacão antes classificado como categoria 4 (numa escala de que vai de 1 a 4) havia reduzido para categoria 3, o que não deixava de ser uma boa notícia, porém mesmo assim o Sherife do Condado de Orange (isso mesmo Sherife… isso não é um desenho do Pica Pau), local onde se localizava o apartamento em que estávamos, havia decretado CURFEW, ahhh?!?!?! Cur o que?!?! CURFEW! (figura 3).

Figura 3 - Sheriff

Figura 3 – Sherife do Condado de Orange anunciando o curfew.

A partir daquele momento, estava proibida a presença de pessoas nas ruas sem que houvesse uma real necessidade para isso; resumindo, a ordem era: vão para suas casas, se tranquem e não saiam por nada.

O que fazer?! A ideia da viagem era se divertir na Disney, lembram? O que dizer para as crianças? Na verdade o Felipe, por ser mais velho, estava bem consciente de tudo o que estava ocorrendo, inclusive também acompanhava os noticiários, as imagens que apareciam na TV e tinha real noção de que, pela posição de Orlando em relação ao estado da Flórida, o furacão não seria catastrófico para nós, porém havia o risco de fazer alguns estragos na cidade.

Já minha filha caçula estava ficando nervosa com as imagens que via pela TV (na verdade ela ficou mais nervosa com as imagens da destruição que o furacão havia feito no Haiti que também eram mostradas pela rede de TV Fox News), resolvemos então, literalmente, fingir que nada diferente estava acontecendo, e continuamos jogando cartas, contando histórias e aproveitamos para guardar nas malas as compras que já havíamos feito.

Inicialmente, a previsão da passagem do furacão por Orlando seria às 17 horas porém como disse antes, a categoria do mesmo havia reduzido para três e talvez por essa razão sua passagem foi adiada para a madrugada, com esse adiamento, adivinhem o que fiz?! Fui cozinhar… E agora sim irei apresentar o Escondidinho do Matthew.

Vocês irão precisar de:

  • 800 gramas de frango grelhado desfiado (ou cortado em cubinhos),
  • 1 kg de batata doce,
  • 1 colher de sopa de manteiga,
  • ½ xícara de leite,
  • 250 gramas de sour cream (ou iogurte grego),
  • 8 fatias de queijo processado tipo mussarela,
  • queijo parmesão ralado.

Como fazer:

Antes de qualquer coisa meus amigos, peço desculpas pelas fotos não estarem com uma qualidade tão boa, e também pela ausência de algumas fotos dos passos, mas nas circunstâncias em que essa receita foi feita, acho que vocês entendem.

A primeira coisa a fazer é descascar as batatas, cortá-las em rodelas (figuras 4) e cozinhá-las em água temperada com sal. Não se assustem meus amigos, a batata doce americana tem cor de abóbora, mas o sabor é igualzinho ao nosso.

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Figura 4 – Cortar do mesmo tamanho ajuda para que a batata cozinhe por igual.

Depois de cozinhar as batatas, ainda quente, amassem com auxílio de um garfo ou amassador (figura 5).

Figura 6 - Quanto mais amassado mais cremoso.

Figura 5 – Quanto mais amassado mais cremoso.

Amassem bem, pois quanto mais “purê” ficarem as batatas, mais cremoso ficará o escondidinho. Em seguida, coloquem a colher de sopa de manteiga (figura 6), ½ xícara de chá de leite (figura 7) e por último o sour cream (figura 8).

Figura 6 – Colher generosa de manteiga.

Figura 7 – Meia xícara de chá de leite.

Figura 9 - Não encontra sour cream aqui no Brasil?! Não tem problema coloca iogurte grego sem sabor.

Figura 8 – Não encontraram sour cream aqui no Brasil?! Não tem problema a solução é substituí-lo por iogurte grego sem sabor.

A cada novo ingrediente incluído, mexam bem com uma espátula de silicone até que eles “sumam” no meio do purê. Para facilitar que os ingredientes fiquem bem incorporados, realizem a inclusão desses ingredientes com a panela no fogo baixo e, após incluírem o sour cream, permaneçam mexendo por mais 5 minutos (figura 9).

Figura 9 – Massa do escondidinho pronta.

Para o nosso recheio, vamos utilizar a receita de iscas do furacão ensinada no último post, porém diferente daquela receita não incluiremos o cream cheese no final. Com as iscas de frango já grelhadas, vamos cortá-las em cubinhos (se eu estivesse nas condições normais eu até desfiaria o frango, mas… não era o caso) e refogá-las mais um pouco em uma colher de sopa de manteiga (figura 10).

Figura 11 - Após cortar as tiras em cubinhos, refoguem-nas em uma colher de sopa de manteiga.

Figura 10 – Após cortar as tiras em cubinhos, refoguem-nas em uma colher de sopa de manteiga.

Vamos agora montar nosso escondidinho… Num refratário coloque metade do purê de batata doce (figura 11), depois coloquem fatias de queijo mussarela (ou prato) cobrindo o purê (figura 12), depois coloquem todo o frango refogado (figura 13), depois cubram novamente com queijo processado (figura 15) e por fim cubram tudo com o restante do purê (figura 14).

Figura 11 – Cubram o fundo do refratário.

Figura 13 - Primeira camada de queijo processado.

Figura 12 – Primeira camada de queijo processado.

Figura 13 – Cubinhos de frango refogados.

Figura 16 - Mais uma camada de queijo processado.

Figura 14 – Mais uma camada de queijo processado.

Figura 16 - Por fim "tampem" tudo com a outra metade do purê.

Figura 15 – Por fim “tampem” tudo com a outra metade do purê.

Prontinho! Agora é levar o refratário ao forno pré-aquecido à 230 °C por 30 minutos (figura 16) .

Meus amigos para ficar ainda mais gostoso cubram a parte de cima com queijo parmesão ralado, eu infelizmente não fiz isso, pois este item fez parte dos que haviam sido “atacados” nos mercados.

Figura 16 – Agora é só levar ao forno.

Sempre encerro minhas receitas com uma foto do prato pronto e com a legenda “Servidos?!”, porém como disse no início da receita, as condições não eram tranquilas para cozinhar, quanto mais tirar fotos, por isso vou ficar devendo tudo bem?! 

Meus amigos desbravadores da cozinha, voltando a falar sobre o furacão; passado mais de um mês do evento confesso que fiquei tenso durante todo o tempo em que ficamos sobre “ameaça” dele, muito mais pela preocupação e ansiedade aparentes nos rostos dos meus filhos do que pelas imagens que via pela TV.

Após jantarmos o nosso escondidinho fomos dormir preocupados e seguindo as orientações da FEMA (Federal Emergency Management Agency, tradução para Agência Federal de Gestão de Emergências) de não dormirmos em camas próximas as janelas (pior era minha filha perguntando… porque papai?!). Talvez, devido a toda esta tensão, quando deitei na cama, literalmente apaguei e só fui acordar no outro dia pela manhã já com o furacão tendo passado por nossa região por volta das 8 horas da manhã.

Fiz um pequeno vídeo com fotos em time lapse mostrando as imagens de uma câmera posicionada na sala. Já dá para terem uma ideia.

Após a passagem do furacão, não vimos nada de destruição no condado de Orange e, principalmente, no condomínio onde estávamos. Ainda pela manhã, permanecíamos em CURFEW e, sem ter muito que fazer e sabendo que os serviços de água e luz não haviam sido cortados, ficamos em casa “fazendo hora” (figura 17). Somente às 16 horas foi liberado para a população sair às ruas.

Figura 17 - Esperando o término do Curfew para sair, curtindo uma chuva na varanda.

Figura 17 – Esperando o término do Curfew para sair, curtindo uma chuva na varanda.

Meus amigos seguidores, mais uma vez eu espero que vocês curtam o depoimento da experiência que tive e principalmente espero ter ensinado mais uma receita para vocês, os ingredientes são fáceis de serem encontrados e a preparação não é difícil.

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